01 outubro 2010

Camboja e o Khmer Vermelho ...

Camboja tem uma história riquíssima e que qualquer turista sai de lá conhecendo, tamanho o apelo e a didática dos cambojenses. Somos abduzidos por dois grandes momentos: a história antiga - período do Império Khmer (o Beto vai explicar melhor que eu), e a recente - o genocídio do Khmer Rouge.

Falo na didática porque as guest houses oferecem sessões de filmes sobre esses dois períodos e no apelo, porque a população vivenciou o genocídio de 30 anos atrás e são marcados por um carisma sem sorriso, difícil de explicar, que nos deixa completamente envolvidos com a vida deles.

Mas afinal, o que foi o Khmer Rouge?

Um cara chamado Pol Pot foi estudar na França, passou um tempo com tribos do norte do Vietnan e voltou com a idéia maluca de criar um "novo Cambodia" livre de qualquer influência externa e completamente voltado à agricultura de subsistência, onde não existe dinheiro e todos são iguais e os diferentes são mortos. Isso mesmo: qualquer pessoa ou família que tivesse estudo ou fosse de origem não Khmer era assassinato pelo Angkar - o "governo", a fim de garantir uma nação "pura". As crianças foram afastadas dos pais e treinadas para trabalhar como "guardiões” dos bons hábitos impostos e, qualquer movimento em falso, eles matavam. A população que vivia nas cidades foi evacuada para os campos para plantar arroz e ser reeducada. As roupas e pertences foram queimados porque todos deviam vestir o mesmo uniforme. E como o Angkar tinha que pagar as armas que usavam, a população plantava pra saldar dívidas externas, não pra comer, o que levou muitos à morte por inanição. E assim, num período de quatro anos (1975 a 1979) metade da população foi eliminada.

O guia turístico que nos falou dos templos do Angkor Wat foi uma criança treinada para matar. A maioria da população vive em casas sem água, sem banheiro e são estas pessoas que falam inglês e te levam pros passeios de tuktuk, ou seja: o contato que nós tivemos com essa realidade foi muito forte. As crianças vendem de tudo e de todas as formas: contam de um a dez em várias línguas, oferecem os produtos em inglês, espanhol, chinês ou japonês, apostam jogo da velha pra gente comprar alguma coisa caso eles ganhem, e com tudo isso não conseguimos ficar brabos com os pais, porque eles não têm escola pública!

É difícil explicar o sentimento que a gente tem estando aqui. Vimos o filme Killing Fields que mostra como foi a evacuação de Phnom Phem, em 1975, e estamos lendo o livro First they kill my father, que conta a história de uma menina de classe alta que sobreviveu ao massacre. No You Tube, pra quem se interessar, tem algumas coisas sobre o assunto. Vale conferir.

2 comentários:

Unknown disse...

Saiam daí o mais rápido possivel.

Unknown disse...

riquíssima experiência,mas fico curiosa para saber quantos turistas passam por ai?